sexta-feira, julho 22, 2011

Já ouviu falar em DTM?


Essa sigla, que tende a se tornar cada vez mais popular, remete a uma desordem na articulação ou nos músculos que permitem abrir e fechar a boca.

Existem problemas de saúde que andam cercados de mistérios e mal-entendidos. A começar pelo nome. Há pessoas por aí que sofrem com dores nos maxilares e atribuem a desdita a uma doença chamada ATM. Vamos desfazer a primeira confusão. Essa sigla, ou melhor, a articulação temporomandibular a que ela faz referência, todo mundo tem. Se ela ou os músculos que a circundam estão em crise, aí, sim, há o que se chama de disfunção temporomandibular, a DTM.



Há mais de um tipo de DTM por trás de dores, dificuldades para mastigar ou falar, além de ruídos ou estalos ao abrir e fechar a boca. Um estudo liderado pela dentista Daniela Godói Gonçalves, da Universidade Estadual Paulista, em Araraquara, no interior de São Paulo, aponta que até 40% da população se queixa de um sintoma que remeta à sigla dolorosa. “Ela afeta principalmente quem tem entre 20 e 40 anos e duas vezes mais as mulheres”, observa Daniela. “Em quase 70% dos casos o problema nem está na articulação em si, mas na musculatura ligada a ela”, estima o dentista Antonio Sérgio Guimarães, da Universidade Federal de São Paulo.

O transtorno não apresenta causa específica, mas se acredita que, somados a uma propensão a ele, fatores como o estresse do dia a dia acionam a engrenagem da dor. Por essas e outras, flagrar a DTM e sua origem nem sempre é tarefa fácil. Para tornar o diagnóstico mais certeiro, uma saída é congregar exames, como demonstra um trabalho recente da fonoaudióloga Cláudia Ferreira, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, no interior do estado. “Juntamos um questionário preenchido pelo paciente a uma avaliação das funções dos músculos da mandíbula e uma técnica chamada eletromiografia”, conta Cláudia. É a combinação de tudo isso que garante uma boa investigação.


O questionário revela o grau dos sintomas e o momento em que eles eclodem. “Já no que chamamos de avaliação miofuncional, pedimos para o paciente mastigar uma bolacha para analisar o trabalho da musculatura local”, exemplifica. A eletromiografia, por sua vez, se vale de eletrodos colados à têmpora e às bochechas para checar as contrações musculares. “Com esses dados conseguimos não só detectar o problema mas também monitorar melhor a resposta ao tratamento”, avalia Cláudia.


As disfunções da mandíbula costumam trazer dor de cabeça. No sentido figurado: não é raro perambular entre médicos e dentistas atrás do motivo das aflições. E no sentido literal. “A DTM pode causar dores de cabeça secundárias ou agravar enxaquecas já existentes”, acusa Daniela. Não à toa, há quem se entupa de analgésicos, negligenciando, sem querer, o foco do desconforto. Embora o adulto seja seu alvo, a DTM também é capaz de atormentar crianças e adolescentes. Os estudos a respeito são divergentes, até porque, nessa fase da vida, os sinais do problema são mais leves e difíceis de ser detectados. “Relatos mostram que os sintomas da disfunção são raros na época dos dentes de leite, enquanto outros indicam uma prevalência de 16%. De qualquer maneira, o número aumenta na adolescência”, pontua a dentista Maria Beatriz Gavião, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, no interior paulista.


CALA-TE, DOR


Apesar de complexa e rodeada de confusões, a DTM pode ser contra-atacada. Muitas vezes o tratamento exige não apenas o dentista, mas fonoaudiólogos, fisioterapeutas... Para nossa sorte, as armas que enfrentam o transtorno estão cada vez mais afiadas. Se o ultrassom já rendia bons resultados, o raio laser de baixa potência, ainda novo nessa área, não decepciona. O aval para as duas tecnologias vem de uma pesquisa recém-concluída na USP de Ribeirão Preto pela dentista Thaíse Carrasco.

“O ultrassom promove um calor profundo na região, estimulando a dilatação dos vasos e diminuindo a inflamação local”, explica Thaíse. “O laser também surte efeito anti-inflamatório e incentiva a liberação de substâncias que aliviam a dor”, completa. No trabalho com 30 voluntários, a especialista provou que as técnicas empatam em termos de eficiência. “Elas são, contudo, terapias de apoio, ou seja, não dispensam atacar as causas do problema”, lembra.

Em muitos casos, só uma investigação minuciosa aliada a mudanças comportamentais desarticula a DTM. “É preciso saber se o paciente range os dentes à noite ou os aperta durante o dia por causa da tensão”, exemplifica o dentista André Felipe Abrão, do Centro de Estudos, Treinamento e Aperfeiçoamento em Odontologia, na capital paulista. Só assim dá para traçar um plano de ação contra o suplício. A participação do paciente, aliás, é essencial. “Ele precisa aprender o que é ruim para a sua condição e corrigir os erros”, diz Guimarães. Nessas horas, fugir do estresse, que repercute na musculatura da ATM, já é mais do que um bom começo.


Tipos de DTM

MUSCULAR :Versão mais comum do problema, caracteriza-se por um excesso de tensão que sensibiliza a musculatura, gerando dores difusas. Hábitos como mascar chicletes ajudam a perpetuá-la.


ARTICULAR: Defeitos anatômicos ou desgastes comprometem a articulação. As dores são mais localizadas.


MISTA : Segunda forma mais frequente de DTM, mescla as desordens articular e muscular. Reverbera sobretudo nos músculos.


REUMATOLÓGICA: Mais rara, é causada por uma degeneração do disco e da articulação temporomandibular que culmina em muita dor.
 
Os principais métodos solicitados para detectar e monitorar a DTM é a AVALIAÇÃO CLÍNICA especialistas afirmam que é o primeiro e mais importante passo no cerco ao problema. O dentista analisa a história e os sintomas relatados pelo paciente e verifica, por exemplo, se ele sente dificuldade ao abrir e fechar a boca. Os EXAMES DE IMAGEM mais cotados são a tomografia e a ressonância magnética, que, direcionadas à cabeça, obtêm imagens detalhadas da articulação temporomandibular e da sua musculatura. Assim, são capazes de acusar a presença de possíveis alterações. E por ultimo a ELETROMIOGRAFIA onde eletrodos são conectados na região da ATM com o intuito de avaliar a contração e a coordenação muscular por ali. Para tanto, durante o exame, o paciente é convidado a mascar um chiclete ou apertar um rolinho de algodão entre os dentes.
 
Os tratamentos existem diversas terapias que irão auxiliar no combate a dor:
 
*PLACAS DE MORDIDA: Feitas de acrílico, são indicadas a quem range os dentes à noite ou os força demais quando está tenso. Devem ser usadas principalmente durante o sono.


*REABILITAÇÃO MIOFUNCIONAL: Com o apoio de um fonoaudiólogo, o paciente realiza exercícios para treinar, por exemplo, a mastigação e para restabelecer a função dos músculos da ATM.


*EXERCÍCIOS FISIOTERÁPICOS: Eles ajudam a minorar a dor e a recuperar a movimentação ideal da articulação.


*MEDICAMENTOS: Analgésicos e anti-inflamatórios são coadjuvantes e receitados apenas para eliminar as crises.

*ULTRASSOM: O aparelho emite ondas de som que aquecem a musculatura da ATM, aliviando a inflamação e o incômodo local.


*LASER: O de baixa intensidade debela o processo inflamatório e auxilia a aplacar a dor.

*CIRURGIA: É recomendada para casos mais graves, em que é preciso consertar a articulação para acabar com o tormento.

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